ARCANO V - O HIEROFANTE
na versão contemporânea de Crowley/Harris
V
"Oferece a ti mesmo Virgem ao Conhecimento e
Conversação
de teu Santo Anjo Guardião. Tudo o mais é uma
cilada.
Sê atleta com os oito membros da Yoga: pois
sem estes
não estás disciplinado para nenhuma luta."
Aleister Crowley
O Livro de Thoth
"Força obstinada, labuta, resistência,
placidez, manifestação, explicação, ensino, bondade, ajuda dos superiores, paciência, organização,
paz."
A.C., O Livro de Thoth
O Hierofante na versão tradicional do Baralho de Marselha.
Atribuição (Signo de Touro, elemento Terra)
Letra: Vau (significa Prego)
Corresponde aos nossos "V", "U" ou "W"
Valor da Letra: 6
Caminho na Árvore da Vida: 16º
Atribuição (Signo de Touro, elemento Terra)
Letra: Vau (significa Prego)
Corresponde aos nossos "V", "U" ou "W"
Valor da Letra: 6
Caminho na Árvore da Vida: 16º
O Arcano V - O Hierofante ocupa o 16º caminho na Árvore da Vida, unindo a segunda estação, Chokmah (Netuno, Sabedoria) e a quarta, Chesed (Júpiter, Amor ou Grandeza).
A seguir o que diz Crowley sobre este Arcano em seu Livro de Thoth:
V. O
HIEROFANTE
Esta carta se refere à letra Vau, que
significa Prego, sendo que nove pregos aparecem no alto da carta, os quais servem para fixar o
oriel atrás da principal figura da carta.
A carta é referida a Touro, de sorte que o Trono do Hierofante é circundando por elefantes, que participam da natureza de
Touro, estando o Hierofante realmente sentado
sobre um touro. Ao redor dele estão as quatro
bestas ou Kerubs, uma em cada canto da carta, visto que estes são os guardiões de
todo santuário. Mas a principal referência é ao
arcano particular que constitui o negócio
maior, o essencial, de todo trabalho mágico: a união do microcosmo ao macrocosmo.
Conseqüentemente, o oriel é diáfano. Diante do
Manifestador do Mistério há um hexagrama representando o macrocosmo e
no centro deste um pentagrama, contendo e representando
uma criança do sexo masculino dançando. Isto simboliza a lei do novo Aeon
da Criança Hórus, o qual suplantou o Aeon do Deus que Morre, que governou o mundo por dois mil anos. Também diante do Hierofante está a mulher com a espada à
cintura, que representa a Mulher Escarlate na hierarquia do novo Aeon. Este simbolismo é
adicionalmente efetivado no oriel, onde, por trás da cobertura fálica de cabeça, a rosa de
cinco pétalas desabrocha.
O simbolismo da serpente e da pomba faz
alusão a este versículo de O Livro da Lei (cap.I, v. 57) : “... pois existe amor e amor.
Existe a pomba, e existe a serpente.”
Este símbolo reaparece no trunfo de número
XVI [A torre, ou guerra].
O fundo da carta toda é o azul escuro da
noite estrelada de Nuit, de cujo útero nascem todos os fenômenos.
Touro, o signo do zodíaco representado por
esta carta, é ele mesmo o Kerub-Touro, ou seja, a Terra sob sua forma mais forte e mais
equilibrada.
O regente desse signo é Vênus, que é
representado pela mulher em pé diante do hierofante.
No capítulo III de O Livro da Lei, versículo
xi, se lê:
“Que a mulher seja cingida com uma
espada diante de mim”. Esta mulher
representa Vênus como ela agora está neste novo Aeon,
não mais o mero veículo de seu correlativo
masculino, mas armada e militante.
Neste signo a Lua é “exaltada”; sua
influência é representada não só pela mulher como também pelos nove pregos.
É impossível na atualidade explicar esta
carta na sua inteireza pois somente o curso dos eventos poderá mostrar como a nova corrente
de iniciação funcionará.
É o
Aeon de Hórus, da Criança. Embora o rosto do Hierofante pareça
benigno e sorridente e a própria criança pareça alegre
com desregrada inocência, é difícil negar que
na expressão do iniciador há algo misterioso, mesmo sinistro. Ele
parece estar gozando uma piada muito secreta às custas de alguém.
Há um aspecto distintamente sádico nesta
carta, e naturalmente, considerando-se que
ela provém da lenda de Pasiphae, o protótipo de todas as lendas dos Deuses-Touros. Estas
ainda persistem em religiões como o
saivismo
e (depois de múltiplas degradações)
no próprio cristianismo.
O simbolismo do bastão é peculiar; os três
anéis entrelaçados que o encimam podem ser tomados como representativos dos três Aeons
de Ísis, Osíris e Hórus com suas fórmulas mágicas que se entrosam. O anel superior está
marcado de escarlate para Hórus, os dois inferiores de verde para Ísis e amarelo
pálido para Osíris, respectivamente. Todos estes estão baseados no azul escuro, a cor de
Saturno, O Senhor do Tempo, pois o ritmo do Hierofante é tal, que ele se move apenas a
intervalos de 2.000 anos.
Aleister Crowley, O Livro de Thoth
Aleister Crowley, O Livro de Thoth
Nota: estou usando a tradução de Edson Bini,
Editora Madras, 2000.
Amantis.
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