domingo, 2 de dezembro de 2012

-19... ARCANO XI - LUST - VOLÚPIA

19º Caminho da Árvore da Vida - ARCANO XI - LUST - VOLÚPIA
Tarot de Thoth, Crowley/Harris. 1938 -1943

 XI

"Abranda a Energia com Amor; mas deixa o Amor devorar 

todas as coisas.

 
Venera o nome ______,  quadrado, místico,

maravilhoso, e o nome de Sua Casa 418." 

Aleister Crowley - O Livro de Thoth

em tradução de Edson Bini - Ed Madras, 2000



I

REFERÊNCIAS
    
ARCANO XI  no Baralho de Marselha 


Atribuição: Leão ( o signo)

Letra: Theth (serpente)
  Corresponde ao nosso "T"

Valor da letra: 9

Posição na Árvore da Vida: 19º Caminho

Arcano XI - Volúpia, unindo Geburah (Marte) e Chesed (Júpiter) 



Interpretação divinatória:

"Coragem, força, energia e ação,  une grande passion; refúgio da magia, o uso de poder mágico."

Aleister Crowley - O Livro de Thoth

em tradução de Edson Bini - Ed Madras, 2000


II

UMA NOTA


de Amantis (Paulo Medina)

    Uma nota sobre a tradução de Edson Bini: "refúgio da magia" não me fez muito sentido. Parece dizer o oposto das atribuições da carta. Fui numa versão em inglês, idioma em que o livro foi escrito:

         "Courage, strength, energy and action, une grande 
           passion; resort to magick, the use of magical power."

     Foi portanto a passagem "resort to magick" que foi traduzida como  "refúgio da magia".

     Fui no Michaellis on line: "resort to": "recorrer", "apelar".

    A tradução correta seria "recorrer (ou apelar) à magick, o uso do poder mágico". 

    Aos interessados em baixar o livro em inglês, o endereço que encontrei foi: https://www.dmt-nexus.me/Files/Books/General/Aleister%20Crowley%20-%20The%20book%20of%20Thoth.pdf



Arcano XI - Volúpia - Crowley/Harris

A seguir, o que diz Crowley sobre a carta no Livro de Thoth:



XI.  VOLÚPIA

        Este trunfo era chamado anteriormente de Força. Mas ele implica em muitíssimo mais do que força no sentido ordinário da palavra. Uma análise técnica mostra que o caminho que corresponde a esta carta não é a  força  de  Geburah, mas a influência proveniente de Chesed  sobre Geburah, o caminho equilibrado tanto vertical quanto horizontalmente na Árvore da Vida (ver diagrama). Por esta razão, julgou-se melhor mudar o título tradicional. Volúpia [Lust em inglês]  sugere não apenas força, mas inclusive a alegria da força exercida. Trata-se de vigor e do arrebatamento do vigor. 

       “Saí , ó  crianças, sob as estrelas, & tomai vossa fartura de amor!

        Eu estou acima de vós e em vós. Meu êxtase está  no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.” 

       “Beleza e força, gargalhada e langor delicioso, força e fogo são de nós.”


  “Eu sou a Serpente que dá Conhecimento & Deleite e glória brilhante, e agita o coração dos homens com embriaguez. Para me adorar, tomai vinho e drogas estranhas das quais Eu direi ao meu profeta, & embebedai-vos deles. Eles não vos ferirão em nada. Isto é uma mentira, esta tolice contra o ser. A exposição de inocência é uma mentira. Sê forte, ó homem! deseja, aproveita todas as coisas de sentido e êxtase: não temas que Deus algum te negue por isto.”

       “Vede! estes são graves mistérios; pois há também amigos meus que são eremitas. Agora, não penseis em encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas bestas de mulheres com extensos membros, e fogo e luz  em seus olhos, e massas de cabelos em chamas em volta delas: lá vós os encontrareis. Vós os vereis no governo, em exércitos vitoriosos, em toda a alegria; e neles haverá uma alegria um  milhão de vezes maior do que esta. Cuidado, para que um não force ao outro, Rei contra Rei! Amai-vos  uns aos outros, com corações ardentes; nos homens baixos, pisai no violento ardor de vosso orgulho, no dia da vossa ira.”

     “Há uma luz diante de teus olhos, ó profeta, uma luz indesejada, muito desejável.

      "Eu estou erguido em teu coração; e o beijo das estrelas chove forte sobre teu corpo.


      "Tu estás exausto na voluptuosa plenitude da inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e risonha que uma carícia do próprio verme do Inferno."  [ citações do Livro da Lei ]

      Este trunfo é atribuído ao signo do Leão no zodíaco. É o Kerub  do fogo e é regido pelo Sol. É a mais poderosa das doze cartas zodiacais e representa a mais crítica de todas as operações mágicas e alquímicas. Representa o ato do casamento original como ocorre na natureza, em oposição à forma mais artificial ilustrada na Atu VI; não há nesta carta nenhuma tentativa de dirigir o curso da operação.

    O assunto principal da carta se refere à mais antiga coletânea de lendas ou fábulas. Aqui se faz necessário entrar um pouco na doutrina mágica da sucessão dos Aeons, a qual está ligada à progressão do zodíaco. Assim, o último Aeon, o de Osíris, se refere a Áries e Libra, como o anterior a este, o de Ísis, estava especialmente relacionado aos signos de Peixes e Virgem, enquanto que o presente Aeon, o de Hórus, está vinculado a  Aquário e
Leão. O mistério central nesse Aeon passado foi o da  encarnação; todas as lendas de homens-deuses se fundaram em alguma história simbólica desse tipo. O essencial em todas essas histórias consistia em negar a paternidade humana do herói ou homem-deus. Na maioria dos casos, afirma-se ser o pai um deus sob alguma forma animal,  o animal sendo escolhido conforme as qualidades que os criadores do culto desejavam ver reproduzidas na criança.

    Assim, Rômulo e Remo foram gêmeos gerados numa virgem pelo deus Marte e foram amamentados por uma loba. Toda a fórmula mágica da cidade de Roma foi fundada sobre isso. 

      Neste ensaio já foram feitas referências às lendas de Hermes e Dionísio. 
Dizia-se que o pai de Gautama Buda era um elefante de seis presas, o qual apareceu a sua mãe num sonho.

     Há também a lenda do Espírito Santo sob a forma de uma pomba impregnando a Virgem Maria. Há aqui uma referência à pomba da arca de Noé trazendo boas novas sobre a salvação do mundo das águas ( os moradores  da arca são o feto, as águas, o fluido amniótico). 

    Fábulas similares devem ser encontradas em toda religião do Aeon de Osíris: é a fórmula típica do deus que morre.

     Nesta carta, portanto, surge a lenda da mulher e o leão, ou melhor serpente-leão * (esta carta é atribuída à letra Teth, que significa serpente). 
    
     Os videntes dos primeiros tempos do Aeon de Osíris previram a manifestação deste Aeon vindouro no qual vivemos agora, e eles o  encararam com intenso horror e medo, não compreendendo a precessão dos Aeons, e considerando toda mudança como catástrofe. Eis a interpretação real e a razão para as invectivas contra a Besta e a Mulher Escarlate nos capítulos XIII, XVII e XVIII do Apocalipse. Mas  na Árvore da Vida o caminho de
Gimel, a Lua, descendo do mais alto, corta o caminho de Teth, Leão, a casa do Sol, de modo que a mulher na carta pode ser considerada como um forma da Lua, sumamente iluminada pelo Sol, e intimamente unida a ele de uma tal maneira que produz encarnados sob forma humana o representante ou representantes do Senhor do Aeon.

   Ela monta a Besta de maneira escarranchada; na mão esquerda segura as rédeas, que representam paixão que os une. Na mão direita segura nas alturas a taça, o Cálice Sagrado inflamado de amor e morte. Nesta taça estão misturados os elementos do sacramento do Aeon. O Livro das Mentiras devota um capítulo a este símbolo.



 
 A FLOR DE WARATAH

Sete são os véus da dançarina do harém d’ELE.
Sete são os nomes, e sete são as lâmpadas ao lado do leito Dela.
Sete eunucos A guardam com espadas desembainhadas; 
Nenhum tem permissão de aproximar-se intimamente Dela,
Em Sua taça de vinho há sete jorros do  sangue dos Sete Espíritos 
   de Deus.
Sete são as cabeças d’A BESTA na qual Ela monta.
A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo; a cabeça de um Poeta: a
   cabeça de Uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem de Valor; a
   cabeça de um Sátiro; e a cabeça de uma Serpente-Leão.

Sete letras tem o mais santo nome Dela; e ele é,


     Este é o Selo sobre o Anel que está no Indicador de IT: 
e este é o Selo sobre os Túmulos daqueles que Ela matou.

Aqui reside sabedoria. Que aquele que tem Entendimento conte o 
Número de Nossa Senhora; pois  é o Número de uma Mulher; e o
       Número Dela é  
                                                Cento e Cinqüenta e Seis.




         Há uma outra descrição em The Vision and  the Voice.
   
        Há nesta carta uma embriaguez ou êxtase divinos. A mulher é mostrada mais do que um pouco ébria, e mais do que um pouco insana; e o leão está também inflamado de luxúria. Isto significa que o tipo de energia descrito é de ordem criadora primitiva, completamente independente da crítica da razão. Esta carta retrata a vontade do Aeon. Ao fundo vêem-se as imagens lívidas dos santos, sobre as quais esta imagem viaja, pois a vida inteira deles foi absorvida no Cálice Sagrado. 


      “Agora vós sabereis que o sacerdote & apóstolo escolhido do espaço infinito é o sacerdote-príncipe, a Besta; e em sua mulher, chamada a Mulher Escarlate, está todo o poder dado. Eles reunirão minhas crianças em seu cercado: eles levarão a glória das estrelas para os corações dos homens.
      "Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a chama alada secreta, e para ela a descendente luz estelar.”
        Este sacramento é a fórmula físico-mágica para atingir a iniciação, para a realização da Grande Obra. Na alquimia é o processo de destilação operado pelo fermento interno, e a influência do Sol e da Lua. 
Atrás das figuras da Besta e sua  Noiva existem dez círculos refulgentes; são as Sephiroth [estações da Árvore da Vida] latentes e ainda não ordenadas pois  todo novo Aeon exige um novo sistema de classificação do universo. 


       No alto da carta é mostrado um emblema da nova luz com dez chifres da Besta, que são serpentes, enviadas em todas as direções para destruir e recriar o mundo. 
Maior estudo desta carta pode ser feito pelo exame rigoroso de Liber XV (v. Magick).  
tradução: Edson Bini
Ed. Madras, 2000

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