19º Caminho da Árvore da Vida - ARCANO XI - LUST - VOLÚPIA
Tarot de Thoth, Crowley/Harris. 1938 -1943
 XI 
"Abranda a Energia com Amor; mas deixa o Amor
devorar  
todas as coisas.
Venera o nome ______,  quadrado, místico, 
maravilhoso, e o nome de Sua Casa 418."  
Aleister Crowley - O Livro de Thoth
em tradução de Edson Bini - Ed Madras, 2000
I
REFERÊNCIAS
ARCANO XI  no Baralho de Marselha 
Atribuição: Leão ( o signo)
Letra: Theth (serpente)
  Corresponde ao nosso "T"
Valor da letra: 9
Posição na Árvore da Vida: 19º Caminho
Arcano XI - Volúpia, unindo Geburah (Marte) e Chesed (Júpiter) 
Interpretação divinatória:
"Coragem, força, energia e ação,  une grande passion; refúgio da magia, o uso de poder mágico."
em tradução de Edson Bini - Ed Madras, 2000
II
UMA NOTA
de Amantis (Paulo Medina)
    Uma nota sobre a tradução de Edson Bini: "refúgio da magia" não me fez muito sentido. Parece dizer o oposto das atribuições da carta. Fui numa versão em inglês, idioma em que o livro foi escrito:
         "Courage, strength, energy and action, une grande 
           passion; resort to magick, the use of magical power."
     Foi portanto a passagem "resort to magick" que foi traduzida como  "refúgio da magia".
     Fui no Michaellis on line: "resort to": "recorrer", "apelar".
    A tradução correta seria "recorrer (ou apelar) à magick, o uso do poder mágico". 
    Aos interessados em baixar o livro em inglês, o endereço que encontrei foi: https://www.dmt-nexus.me/Files/Books/General/Aleister%20Crowley%20-%20The%20book%20of%20Thoth.pdf
Arcano XI - Volúpia - Crowley/Harris
A seguir, o que diz Crowley sobre a carta no Livro de Thoth:
XI. 
VOLÚPIA 
        Este trunfo era chamado anteriormente de
Força. Mas ele implica em muitíssimo mais do que força no sentido ordinário da palavra. Uma análise técnica mostra que o caminho
que corresponde a esta carta não é a  força 
de  Geburah, mas a influência
proveniente de Chesed 
sobre Geburah, o caminho equilibrado tanto vertical quanto
horizontalmente na Árvore da Vida (ver diagrama). Por esta razão,
julgou-se melhor mudar o título tradicional. Volúpia [Lust em inglês]  sugere não apenas força, mas inclusive a
alegria da força exercida. Trata-se de vigor e do arrebatamento do
vigor. 
       “Saí , ó 
crianças, sob as estrelas, & tomai vossa fartura de amor! 
        Eu
estou acima de vós e em vós. Meu êxtase está 
no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.” 
       “Beleza e força, gargalhada e langor
delicioso, força e fogo são de nós.” 
  “Eu sou a Serpente que dá Conhecimento &
Deleite e glória brilhante, e agita o coração dos homens com embriaguez. Para me adorar,
tomai vinho e drogas estranhas das quais Eu direi ao meu profeta, & embebedai-vos
deles. Eles não vos ferirão em nada. Isto é uma mentira, esta tolice contra o ser. A
exposição de inocência é uma mentira. Sê forte, ó homem! deseja, aproveita todas as coisas de
sentido e êxtase: não temas que Deus algum te negue por isto.”
       “Vede! estes são graves mistérios; pois há
também amigos meus que são eremitas. Agora, não penseis em encontrá-los na
floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas bestas de
mulheres com extensos membros, e fogo e luz  em
seus olhos, e massas de cabelos em chamas em volta delas: lá vós os encontrareis. Vós os vereis no governo, em
exércitos vitoriosos, em toda a alegria; e neles haverá uma alegria um  milhão de vezes maior do que esta. Cuidado,
para que um não force ao outro, Rei contra Rei! Amai-vos  uns aos outros, com corações ardentes; nos homens baixos, pisai no violento ardor de
vosso orgulho, no dia da vossa ira.”
     “Há uma luz diante de teus olhos, ó profeta,
uma luz indesejada, muito desejável.
      "Eu estou erguido em teu coração; e o beijo
das estrelas chove forte sobre teu corpo.
      "Tu estás exausto na voluptuosa plenitude da
inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e risonha que uma carícia
do próprio verme do Inferno."  [ citações do Livro da Lei ]
      Este trunfo é atribuído ao signo do Leão no
zodíaco. É o Kerub  do fogo e é regido
pelo Sol. É a mais poderosa das doze cartas
zodiacais e representa a mais crítica de todas as operações mágicas e alquímicas. Representa o
ato do casamento original como ocorre na natureza, em oposição à forma mais artificial
ilustrada na Atu VI; não há nesta carta nenhuma tentativa de dirigir o curso da
operação.
    O assunto principal da carta se refere à mais
antiga coletânea de lendas ou fábulas. Aqui se faz necessário entrar um pouco na doutrina
mágica da sucessão dos Aeons, a qual está ligada à progressão do zodíaco. Assim, o
último Aeon, o de Osíris, se refere a Áries e Libra, como o anterior a este, o de Ísis,
estava especialmente relacionado aos signos de Peixes e Virgem, enquanto que o presente
Aeon, o de Hórus, está vinculado a 
Aquário e
Leão. O mistério central nesse Aeon passado
foi o da  encarnação; todas as lendas de homens-deuses se fundaram em alguma história
simbólica desse tipo. O essencial em todas essas histórias consistia em negar a
paternidade humana do herói ou homem-deus. Na maioria dos casos, afirma-se ser o pai um
deus sob alguma forma animal,  o animal sendo escolhido conforme as qualidades que os
criadores do culto desejavam ver reproduzidas na criança.
    Assim, Rômulo e Remo foram gêmeos gerados
numa virgem pelo deus Marte e foram amamentados por uma loba. Toda a fórmula
mágica da cidade de Roma foi fundada sobre isso. 
      Neste ensaio já foram feitas referências às
lendas de Hermes e Dionísio.  
Dizia-se que o pai de Gautama Buda era um
elefante de seis presas, o qual apareceu a sua mãe num sonho.
     Há também a lenda do Espírito Santo sob a
forma de uma pomba impregnando a Virgem Maria. Há aqui uma referência à pomba da arca
de Noé trazendo boas novas sobre a salvação do mundo das águas ( os
moradores  da arca são o feto, as águas,
o fluido amniótico). 
    Fábulas similares devem ser encontradas em
toda religião do Aeon de Osíris: é a fórmula típica do deus que morre.
     Nesta carta, portanto, surge a lenda da
mulher e o leão, ou melhor serpente-leão * (esta carta é atribuída à letra Teth, que significa
serpente). 
     Os videntes dos primeiros tempos do Aeon de
Osíris previram a manifestação deste Aeon vindouro no qual vivemos agora, e eles o  encararam com intenso horror e medo, não compreendendo a precessão dos Aeons, e
considerando toda mudança como catástrofe. Eis a interpretação real e a razão para as
invectivas contra a Besta e a Mulher Escarlate nos capítulos XIII, XVII e XVIII do
Apocalipse. Mas  na Árvore da Vida o
caminho de
Gimel, a Lua, descendo do mais alto, corta o
caminho de Teth, Leão, a casa do Sol, de modo que a mulher na carta pode ser
considerada como um forma da Lua, sumamente iluminada pelo Sol, e intimamente unida a ele
de uma tal maneira que produz encarnados sob forma humana o representante ou
representantes do Senhor do Aeon.
   Ela monta a Besta de maneira escarranchada;
na mão esquerda segura as rédeas, que representam paixão que os une. Na mão direita
segura nas alturas a taça, o Cálice Sagrado inflamado de amor e morte. Nesta taça
estão misturados os elementos do sacramento do Aeon. O Livro das Mentiras
devota um capítulo a este símbolo.
 A FLOR
DE WARATAH 
Sete são os véus da dançarina do harém d’ELE.
Sete são os nomes, e sete são as lâmpadas ao
lado do leito Dela. 
Sete eunucos A guardam com espadas
desembainhadas; 
Nenhum tem permissão de aproximar-se intimamente Dela,
Em Sua taça de vinho há sete jorros do  sangue dos Sete Espíritos 
   de
Deus. 
Sete são as cabeças d’A BESTA na qual Ela monta. 
A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo; a
cabeça de um Poeta: a 
  
cabeça de Uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem de Valor; a 
  
cabeça de um Sátiro; e a cabeça de uma Serpente-Leão. 
Sete letras tem o mais santo nome Dela; e ele é,
     Este é o Selo sobre o Anel que está no
Indicador de IT: 
e este é o Selo sobre os Túmulos daqueles que Ela matou.
Aqui reside sabedoria. Que aquele que tem Entendimento conte o 
Número de
Nossa Senhora; pois  é o Número de uma Mulher; e o
       Número Dela é  
                                                Cento e Cinqüenta e Seis.
         Há uma outra descrição em The Vision and  the Voice.
        Há nesta carta uma embriaguez ou êxtase
divinos. A mulher é mostrada mais do que um pouco ébria, e mais do que um pouco insana; e
o leão está também inflamado de luxúria. Isto significa que o tipo de energia descrito
é de ordem criadora primitiva, completamente independente da crítica da
razão. Esta carta retrata a vontade do Aeon. Ao fundo vêem-se as imagens lívidas dos
santos, sobre as quais esta imagem viaja, pois a vida inteira deles foi absorvida no Cálice
Sagrado. 
      “Agora vós sabereis que o sacerdote &
apóstolo escolhido do espaço infinito é o sacerdote-príncipe, a Besta; e em sua mulher,
chamada a Mulher Escarlate, está todo o poder dado. Eles reunirão minhas
crianças em seu cercado: eles levarão a glória das estrelas para os corações dos
homens.
      "Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas
para ele é a chama alada secreta, e para ela a descendente luz estelar.”
        Este sacramento é a fórmula físico-mágica
para atingir a iniciação, para a realização da Grande Obra. Na alquimia é o processo de
destilação operado pelo fermento interno, e a influência do Sol e da Lua. 
Atrás das figuras da Besta e sua  Noiva existem dez círculos refulgentes; são
as Sephiroth [estações da Árvore da Vida] latentes e ainda não ordenadas pois  todo novo Aeon exige um novo sistema de classificação do universo. 
       No alto da carta é mostrado um emblema da
nova luz com dez chifres da Besta, que são serpentes, enviadas em todas as direções para
destruir e recriar o mundo. 
Maior estudo desta carta pode ser feito pelo
exame rigoroso de Liber XV (v. Magick).  
tradução: Edson Bini
Ed. Madras, 2000











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