terça-feira, 25 de dezembro de 2012

3 - COMPREENSÃO - SATURNO - LIBER O! COMENTADO


3 - BINAH, COMPREENSÃO.

"Eu escuto a Palavra"

Binah ("Compreensão"), a Terceira Estação
da Árvore da Vida, o Grande Feminino, aqui representado como uma concha (alusão à vulva) 

Nota: esta postagem é continuação da anterior, em especial a partir da parte 6.



           Por Amantis.
Foto: Elcio Zaghetto, Juiz de Fora, Brasil, 2006 e.v.












Nós fizemos na última postagem uma introdução ao Liber O! de Aleister Crowley, apresentando inclusive uma versão ilustrada para facilitar a Compreensão.

Anunciamos que A.C. fez um comentário deste Livro (ou Capítulo) e agora já estamos no ponto de apresentá-lo. 

Primeiro, novamente o Liber O!, o Capítulo Zero do "Livro das Mentiras - Assim Chamado Falsamente", uma obra mágica e filosófica de Aleister Crowley.



O!

A TRÍADE ANTERIOR AOS PRIMÓRDIOS QUE É  
NÃO-DEUS
                                          O Nada é.
                                          O Nada se torna.
                                          O Nada não é.

A PRIMEIRA TRÍADE QUE É DEUS
                                         EU SOU.
                                         Eu expresso a Palavra.
                                         Eu escuto a Palavra.

O ABISMO
                                    A Palavra se rompe.
                                    Há conhecimento.
                                    Conhecimento é Relação.
                                    Esses fragmentos são Criação.
                                    O rompido manifesta a Luz.

A SEGUNDA TRÍADE QUE É DEUS
       DEUS o Pai e a Mãe está oculto na Geração.
       DEUS está oculto na remoinhante energia da Natureza.
       DEUS é manifesto em reunião*: harmonia: consideração: o Espelho do Sol e do Coração.

A TERCEIRA TRÍADE
                               Nutrindo**: preparando.
                               Ondeando: fluindo: cintilando.
                               Estabilidade: engendramento***. 


A DÉCIMA EMANAÇÃO
O Mundo.

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* [ "gathering", "reunião, encontro (de pessoas), assembléia". Portanto não devemos confundir esta "reunião" com o ato de unir coisas; aqui estamos  falando do contato com Kether (ou o Sagrado Anjo Guardião, "EU SOU", a primeira estação; que se dá em Tiphareth, o Sol, a sexta estação.É em Tiphareth que ocorre o assim chamado "Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião", evento em que a Luz de Kether descende à consciência. Isto significa um encontro "pessoal" com nossa chama interna. "Eu sou a flama que queima em todo coração de homem, e no âmago de toda estrela." Livro da Lei; II:6 (Hadit).
Contudo o sentido pode ir mais longe, uma vez que Tiphareth está ligado a nada menos que oito estações (todas, à exceção da Terra). Por isto esta "reunião" pode ser entendida no sentido de uma "assembléia".
Isto é, TODOS se encontram, se reúnem em Tiphareth]

** ["bearing", traduzido como "nutrindo". Esta é uma tradução aproximada para um verbo de muitos sentidos, todos ligados de alguma forma à Natureza, à fertilidade. Bearing pode ser "dando (produzindo) uma safra". Pode ser "dando a luz a uma ninhada". Pode ser "cuidando de filhotes". Pode ser "suportando" no sentido da dor física mesmo, "carregando", "escoltando", "trazendo", "sustentando".  Enfim, trazer à vida ou manter vivo (no sentido de "cuidar"). Eu imagino uma colmeia sendo preenchida de mel, sendo "nutrida" (até chegar no ponto certo), ou um feto sendo formado e alimentado  (até mudar de estágio). Estas noções são confirmadas pela palavra seguinte: "preparando".] 

*** ["begetting", traduzido como "engendramento" seria algo mais direto do que isto. Uma das traduções para "beget" é procriar no sentido literal da palavra. Mas o que está acontecendo aqui é a formação de UM ÚNICO SER (estação por estação) que ocorrerá em Malkuth (A Terra), a estação seguinte. O sentido vai além da mera procriação. 
Mas não podemos esquecer que é nesta estação, Yesod, (A Lua) que está localizado (no corpo físico) o aparato sexual. Logo este "engendramento" deve ser entendido tanto no sentido físico, biológico quanto no "astral". A Lua é o lugar onde o corpo astral e o corpo físico são engendrados. Também é a dimensão do inconsciente, dos sonhos, das ideias em formação. Um lugar muito rico e potente.

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A seguir, o comentário, por Aleister Crowley:
 -ilustrações e notas explicativas [entre colchetes] foram acrescentadas por nós.



        COMENTÁRIO
Liber O!
(O Capítulo que não é um Capítulo)

      Este capítulo numerado como 0, corresponde ao Negativo, ao que se encontra antes de Kether [a Primeira Estação da Árvore da Vida] no Sistema Qabalístico.



      As cartas com uma interrogação e uma exclamação das páginas anteriores, são os outros dois véus. 

[este véus são tradicionalmente chamados e numerados como se segue:
0. Ain (ONada)
00. Ain Soph (O Ilimitado)
000. Ain Soph Aur (Luz Ilimitada)]

       O significado dos símbolos se explica por completo em "The Soldier and the Hunchback".
      Este capítulo começa com a letra O seguida de um sinal de exclamação; é uma referência à teogonia do "Livro da Lei" que se explica na nota*, mas também se refere ao FALO KTEIS e ao ESPERMA, e a exclamação é pela maravilha e o êxtase, que são a última natureza das coisas.

* nota de Crowley (sobre O!, o título):
"Silêncio. Nuit, O; Hadit; Ra-Hoor-Khuit, 1."

[esta é uma nota de difícil compreensão, em especial pela pontuação usada por Crowley.
Está claro que ele vê no sinal de exclamação um número 1, (Kether) ao qual ele sempre atribui o deus regente deste Aeon (parte ativa): Ra-Hoor-Khuit. Ao que parece Nuit, o princípio feminino, o Útero Universal é o "O". Não sabemos qual é a atribuição de Hadit, o princípio. Mas parece claro que o todo da fórmula resulta em "Silêncio".]

 COMENTÁRIO

(A Tríade Anterior aos Primórdios)
                                        "O Nada é.
                                          O Nada se torna.
                                          O Nada não é."


Esta é a Trindade Negativa; seus três estamentos são em última instância, idênticos. Harmonizam o Ser ["O Nada é"], o   Vir a Ser ["O Nada se torna"] e o Não Ser ["O Nada não é"], as três formas possíveis de conceber o universo.

A sentença "O Nada não é", tecnicamente equivalente a "Alguma coisa é", é inteiramente explicada no ensaio intitulado Berashit. 
     
       O resto do Capítulo segue o sistema Sephirótico da Qabalah,  [as Estações da Árvore da Vida] e constitui uma espécie de comentário à quintessência deste sistema.

        Os que estão familiarizados com o sistema reconhecerão a Kether, Chokmah e Binah, na Primeira Tríade; 

                                     1. Kether: "EU SOU."
                                     2. Chokmah: "Eu expresso a Palavra"
                                     3. Binah: "Eu escuto a Palavra"

a Daath no Abismo; 
                                   "A Palavra se rompe.
                                    Há conhecimento.
                                    Conhecimento é Relação.
                                    Esses fragmentos são Criação.
                                    O rompido manifesta a Luz."

a Chesed, Geburah e Tiphareth na Segunda Tríade; 

     4: Chesed:  "DEUS o Pai e a Mãe está oculto na Geração."
     5: Geburah: "DEUS está oculto na remoinhante energia da Natureza."
     6: Tiphareth: "DEUS é manifesto em reunião: harmonia: consideração: o Espelho do Sol e do Coração."

a Netzach, Hod e Yesod na Terceira Tríade

                               7: Netzach: "Nutrindo: preparando."
                               8: Hod: "Ondeando: fluindo: cintilando."
                               9: Yesod: "Estabilidade: engendramento."  

e a Malkuth na Décima Emanação.

                         10: Malkuth: "O Mundo"



 Deve se destacar que esta cosmogonia é muito completa; a manifestação de Deus não aparece até Tiphareth [O Sol], e o universo não aparece até Malkuth [A Terra].

   Portanto este capítulo deve ser considerado como o melhor tratado da existência jamais escrito.
Aleister Crowley.

do "Livro das Mentiras - Assim Chamado Falsamente", Comentário ao "Capítulo que não é um Capítulo", o LIBER O!
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        Sentiu-se convencido, amigo leitor? Se sua resposta for "não" eu o entenderei. Provavelmente estamos falando "grego". O grande problema aqui está no desconhecimento das pessoas (em geral) do diagrama que Crowley usava como sua principal matriz, a Árvore da Vida. Mas isto é um processo gradual, o aprendizado neste caso vem mesmo da repetição (tal como aprender uma língua). Pouco a pouco o TODO começa a ser formar.
    Por isto, devemos continuar. Na próxima postagem traremos outro texto de Crowley composto a partir do mesmo diagrama, intitulado "O HOMEM". 
         Mais uma tentativa do velho mestre de ser entendido por seus ingênuos semelhantes.
            Quer saber o que é o Homem na opinião de A.C.?
            Veja na próxima postagem.
    
           Amantis.
         

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