por Amantis
Chokmah- a segunda Estação da Árvore da Vida |
1- Estamos em 23 de Dezembro de 2012, uma agradável manhã de domingo. (Eris, não te esqueci)
para conhecer Eris, a Deusa do genial "Discordianismo", clique no link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Discordianismo
Temos, agora (passado o dia 21), todo o tempo do mundo. Exatamente como eu planejei e esperava.
A sensação é maravilhosa.
A maior parte da tensão, que se deu em função da FESTA DO UNIVERSO - todo este trabalho - e não do "fim do mundo", se foi, como num passe de mágica.
O Alívio é imenso.
2 -Mas o Trabalho não acabou.
Deixe-me mostrar ao leitor mais uma vez o "esquema" da Festa, sintetizado na forma de uma Lemniscata (o símbolo do Infinito) no dia 18 de Dezembro de 2012:
Agora, eu penso, está bem fácil de entender: nós começamos nossa "Festa" (na verdade uma titânica tarefa) a um mês exato do dia marcado para a Festa (20 de Dezembro). Este dia foi 20 de Novembro, quando nasceu este Blog.
Tivemos um Auge pré estabelecido para o dia 21, que foi marcado, curiosamente, como o "dia zero".
Não pude postar a curiosa sensação que é estar num "dia zero", uma novidade em minha vida.
3 -Estamos agora na terceira fase da Festa.
(Terceira? Não seria a segunda? )
Não. É a terceira. O Dia Zero (21 de Dezembro) significa uma fase inteira.
Ele é o ponto de encontro dos extremos da Lemniscata, uma coisa completamente diferente do lado "de lá", onde estávamos; e do lado "de cá", onde estamos agora.
Confira novamente no esquema, agora ampliado, para que não haja dúvidas:
4- Nossa Festa ainda dura 30 dias depois do "Dia Zero".
É o que estamos fazendo aqui:um longo - e mapeado - caminho de volta, que terá fim em 20 de Janeiro de 2013.
Aí sim, a Festa do Universo, Edição Zero estará concluída.
Tudo estará preparado (no "astral") para a organização da Festa do Universo Edição 1, que terá seu ponto focal - o centro da Lemniscata - às 00:00' hora de 21 de Dezembro de 2013.
E assim por diante, todo ano.
O Auge da Festa em 2012: Amantis e Tzai fazem uma Lemniscata no ar. |
5 - Como o leitor sabe, o objetivo desta Festa é gerar um movimento (mais sexy e festivo - além de mágicko e xamânico) no sentido de salvar a Vida na Terra, incluindo a do homem, que está em visível rota de destruição e insiste em não acordar.
Portanto, o assunto é seríssimo.
Enquanto todo mundo gozava do "fim do mundo" a gente estava dando duro aqui (preparando a Festa) no sentido de justamente EVITÁ-LO.
6 - Nada mais tenho a dizer, passemos ao tema mágicko desta postagem, o capítulo Zero do "Livro das Mentiras - Assim Falsamente Chamado" de Aleister Crowley, o não suficientemente conhecido Liber O!
Sim, este é o título do Livro (Liber), a letra "O" seguida de uma exclamação. Mas (o leitor perguntará), não é um Capítulo? Porque ele chama de "Livro"?
7 - Aqui já estamos entrando no muito peculiar processo criativo de Crowley, que, entre outras invenções (ou reinvenções) escreveu muitos Libri (plural de Liber) de uma ou duas páginas, não mais (sendo o mais famoso o Liber Oz).
No caso deste Liber, o Liber O!, ele foi colocado como o Capítulo Zero de um livro maior, o Liber 333 (ou Livro das Mentiras - Assim Falsamente Chamado).
Antes de mais nada, atenção ao título do Livro, que deveria ser publicado sempre na íntegra: "O Livro das Mentiras - Assim Falsamente Chamado".
Todo o "Livro das Mentiras" lida com as falsidades e armadilhas da linguagem, e mesmo da razão. O único modo de escapar destas armadilhas é por meio do paradoxo, uma espécie de êxtase da razão, que por segundos, vivencia um estado para além da dualidade, da ilusão. Um bom exemplo está no aforisma Zen que diz, "Só encontrará seu caminho aquele que o perdeu".
Pois a Vida é feita de fases que, aparentemente, negam-se uma a outra (um exemplo simples, os extremos da Lua, Cheia e Nova) e isto confunde o ser, isto é, o eu, que não sabe como lidar com estes extremos.
Este conflito acaba dando origem a noções ilusórias como "Bem" (A Lua Cheia) e "Mal" (a Lua Nova, a Lua de Lilith, muito temida na era pagã), ou "certo" e "errado", e, finalmente, "verdade" e "mentira".
O aforisma Zen citado acima foi, digamos assim, "reencontrado" por Clarice Lispector numa sentença que se tornou famosa na internet:
"Perder-se também é caminho".
Está aí uma maravilhosa maneira de entender o "caminho" de uma perspectiva diferente, onde erros e acertos não importam, o que importa é IR.
De maneira semelhante o título do "Livro das Mentiras - Assim Falsamente Chamado" chama a atenção, mesmo antes da leitura, para o perigo contido na noção de "Verdade" que jamais poderá viver isenta de seu oposto, a "Mentira".
A razão (a mãe da linguagem, ao final) sempre estará sujeita a esta polaridade inescapável, que, diga-se de passagem, traz bastante angústia ao ser, "dividido" entre a suposta "verdade" e a suposta "mentira".
- Como resolver este enigma? |
8 - Aqui o gênio de Crowley vem em nossa ajuda sugerindo que tão somente mudemos nosso ponto de vista. Ao invés de estarmos de um lado ou do outro da sentença (qualquer sentença) coloquemo-nos no CENTRO (pois, ao fim, não existe conflito, o conflito vem da ignorância de um dado da fórmula, se me permitem falar de maneira altamente abstrata. Para falarmos na prática eu precisaria de citar um amigo meu, Eugênio Malta e sua deliciosa frase, "Todo conflito é brochante.", lá de Nova York numa noite de inverno. Ele já não se lembra disso.
Enfim, o conflito todo está em valorizar a dúvida e não O ATO. Vá sem medo que o Universo é um Todo, a Lua Nova tem sua função e, não só isto, UM TRILHÃO DE PRAZERES SECRETOS que são uma grande alegria, grande crescimento descobrir (lá mesmo, na escuridão). É claro que, circunstancialmente, você vai "sangrar". Mas sangrar faz parte da vida, todos nós temos de conhecer esta experiência. Não há como esperar uma vida sem dor. Isto é um delírio conformista. "Faze o que tu queres"!, e faça logo com força.
"Age apaixonadamente; pensa racionalmente; sê Tu mesmo." |
É claro que isto é o aprendizado de uma vida, um exercício, uma tarefa que realmente necessita da ajuda dos mestres no assunto (lembrar que aqui citamos os mestres Zen e Clarice Lispector além de A.C.) para ser cumprida.
A "verdade", ao fim, é uma questão interna, bastante pessoal, que vai nos sendo "revelada" progressivamente à medida que nos livramos das ilusões.
"Também a razão é uma mentira". AL
Logo, "verdade" é uma questão relativa.
O ponto essencial está em que nenhuma verdade emprestada nos servirá. As verdades emprestadas são armadilhas na estrada e é contra elas que Crowley nos previne.
9 - Agora podemos nos concentrar em Liber O!
Este Liber (ou livro) é um dos mais primorosamente curtos e perfeitos deste autor.
Infelizmente é algo próximo de um hieróglifo para o leitor mediano; mas nós estamos aqui, com a ajuda de Will Parfitt e sua obra "A Nova Cabala Viva", dispostos a facilitar o entendimento deste que é, para começo de conversa, o Livro ZERO de Aleister Crowley.
Está no título: O!
Neste ponto devemos esclarecer mais um curioso aspecto deste autor: ele costumava numerar seus Libri. O número do livro pode ser encontrado na soma do valor das letras de seu título.
Um exemplo: Liber Oz, ou Liber 77 : Oz ("Coragem" em hebraico)= O (70) + Z (7), isto é 77.)
Em outros casos, como Liber CL (150 em romano) a razão do número está no simbolismo do texto, os cinco "L" que formam os cinco elementos: Law (Lei), Liberty (Liberdade), Love (Amor), Life (Vida) e Light (Luz).
Na Magick cada letra tem um valor. O valor do L é 30. Logo, 5 vezes 30 igual a "150".
Portanto, o processo criativo de Crowley envolve simbolismo, inclusive numérico.
10 - Com Liber 0! nos depararemos com o simbolismo específico da Árvore da Vida.
Sem mais delongas, ei-lo:
O!
A TRÍADE ANTERIOR AOS PRIMÓRDIOS QUE É
NÃO-DEUS
O Nada é.
O Nada se torna.
O Nada não é.
A PRIMEIRA TRÍADE QUE É DEUS
EU SOU.
Eu expresso a Palavra.
Eu escuto a Palavra.
O ABISMO
A Palavra se rompe.
Há conhecimento.
Conhecimento é Relação.
Esses fragmentos são Criação.
O rompido manifesta a Luz.
A SEGUNDA TRÍADE QUE É DEUS
DEUS o Pai e a Mãe está oculto na Geração.
DEUS está oculto na remoinhante energia da Natureza.
DEUS é manifesto em reunião: harmonia: consideração: o Espelho do Sol e do Coração.
A TERCEIRA TRÍADE
Nutrindo: preparando.
Ondeando: fluindo: cintilando.
Estabilidade: engendramento.
A DÉCIMA EMANAÇÃO
O Mundo.
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Este livro só começa a fazer sentido quando sobreposto ao diagrama da Árvore da Vida.
Na verdade ele é uma síntese (muito esclarecedora) deste diagrama, estação por estação.
Em seu livro A Nova Cabala Viva (Ed. Pensamento), Will Parfitt chegou a numerar as estações contidas em Liber O! com o objetivo de facilitar o entendimento.
É 0 que faremos aqui. Na verdade, iremos mais longe, ilustrando a "descida" com a própria Árvore da Vida.
000.
00.
O!
A TRÍADE ANTERIOR AOS PRIMÓRDIOS QUE É
NÃO-DEUS
0.O Nada é.
O Nada se torna.
O Nada não é.
A PRIMEIRA TRÍADE QUE É DEUS
1. EU SOU.
2. Eu expresso a Palavra.
3. Eu escuto a Palavra.
O ABISMO
A Palavra se rompe.
Há conhecimento.
Conhecimento é Relação.
Esses fragmentos são Criação.
O rompido manifesta a Luz.
4. DEUS o Pai e a Mãe está oculto na Geração.
5. DEUS está oculto na remoinhante energia da Natureza.
6. DEUS é manifesto em assembléia: harmonia: consideração: o Espelho do Sol e do Coração.
A TERCEIRA TRÍADE
7.Nutrindo: preparando.
8.Ondeando: fluindo: cintilando.
9.Estabilidade: engendramento
A DÉCIMA EMANAÇÃO
10. O Mundo
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Não para aqui, amigos. Felizmente, Crowley concedeu em comentar todo seu "Livro das Mentiras", certamente uma de suas obras mais difíceis.
O Liber O!, comentado por seu autor é o tema de nossa próxima postagem.
Amantis.
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